PRIMEIRAS ESCOLAS



Desde a chegada dos primeiros trabalhadores e suas famílias, a partir de 1957, fez-se necessária a criação de escolas provisórias para acolher as crianças que vinham de todas as partes do país.

A escola semeou uma nova prática pedagógica baseada na experiência do aluno. Germinada a partir da iniciativa e do espírito empreendedor dos professores, logo teve início uma metodologia que demandava consciência dos princípios orientadores do novo modelo de educação a ser implantado no Distrito Federal. Pouco após o primeiro ano de sua inauguração, a escola publicou o primeiro número do jornalzinho “A voz do estudante”, cujo subtítulo diz: “É com os pés da criança que a Pátria caminha”.
Desde a chegada dos primeiros trabalhadores e suas famílias, a partir de 1957, fez-se necessária a criação de escolas provisórias para acolher as crianças que vinham de todas as partes do país.
Em fins de 1959, a NOVACAP estava presente em acampamentos distribuídos por toda a cidade. As escolas de acampamento eram vinculadas à Prefeitura do Distrito Federal e contavam com suporte institucional para mais de 100 professoras primárias e orientava o ensino de 4.682 crianças, assim distribuídas:
A primeira escola pública de Brasília chamava-se Grupo Escolar 1 e localizava-se na Cidade Livre, atual Candangolândia. Inaugurada em 15 de outubro de 1957, pelo Presidente JK e Israel Pinheiro, a escola contava, inicialmente, com 5 professores e 150 alunos para atender aos filhos dos funcionários da NOVACAP.
A Escola Júlia Kubitschek fundia pilotis com elementos tradicionais como varandas e treliças. Seu traçado assemelhava-se ao do Palácio do Catetinho, recentemente construído, também em madeira, para servir de residência provisória do Presidente da República. A semelhança entre estas edificações concedeu a essa escola o título de “Catetinho da Educação” denotando a importância que se atribuía ao projeto educacional que se instalava na nova Capital.
Em funcionamento até 1966, sob a administração da Novacap, a escola integrou-se à rede oficial de ensino, mediante o Decreto “N” nº 481, da Secretaria de Educação e Cultura, passando a denominar-se Escola Classe Júlia Kubitschek. Lentamente, o prédio escolar foi-se deteriorando, sem que medidas administrativas fossem tomadas para sua conservação, fato agravado por tratar-se de uma construção de madeira. A escola funcionou até 1969, quando o prédio foi interditado em virtude da ocupação por famílias sem moradia que invadiram e se instalaram suas dependências, lá permanecendo até 1980, quando houve pedido de retirada. Segundo relatos, o prédio foi destruído por um incêndio.
O planejamento coletivo não impunha métodos de alfabetização ou de metodologias de ensino, cada qual trabalhava em consonância com os conhecimentos que dispunha, com os meios e as técnicas que lhe eram familiares. Assim, nas diferentes turmas, alfabetizava-se tanto o método global, como o fônico, o eclético e o silábico, dependendo da experiência e da decisão dos docentes. Nesse sentido, relata a professora Maria do Rosário Bessa, que, para alfabetizá-los, “nós escrevemos um livro baseado nas coisas de que eles gostavam“ (Entrevista de 09/07/2008).
“Fomos vinte professoras para a Bahia, sendo que oito foram se especializar nas técnicas para escola parque e as outras doze, em escolas-classe, para ver como funcionava o sistema que estava previsto para a nova Capital” (Entrevista de Santa Soyer, 24/01/1990).
A precariedade das instalações, em salas multisseriadas, revelou o entusiasmo dos professores que nelas atuavam. Fato curioso é que, inicialmente, a NOVACAP ofereceu a sala da presidência, no pavilhão da administração, e contratou os professores Amabile Andrade Gomes e Mauro da Costa Gomes, para ministrarem aulas. É o que diz a referida professora em seu depoimento:     “Dr. Sayão tinha um ditado que dizia que “Para resolver um caso, tinha de criar um  caso” então eu acho que a minha vinda criou o caso. Eles tiveram que adaptar, tiveram que fazer uma adaptação. Então, tinha uma mesa de  reunião de diretores da NOVACAP, uma mesa bem grande em forma de “U”, havia no escritório central essa mesa. Depois de muito pensar encontrou-se que se poderia utilizar essa mesa para funcionar, já existia a mesa e existia uma carpintaria então as coisas que precisavam eram todas feitas e improvisadas e depois se conseguiu um quadro negro, as carteiras funcionavam nessa mesa. Até que a gente estava com a matrícula de 150 de 1ª a 4ª série. Então foi visto que não dava mais para continuar ali naquela casa, como tudo em Brasília, era a ritmo Brasília, correndo, correndo aí viram da necessidade da construção de uma escola. Foi feita a primeira escola que depois foi denominada Julia Kubitschek em homenagem a mãe do presidente Juscelino Kubitschek. Infelizmente depois abandonada”.
Foi uma referência para o sistema de educação que então se constituía, participando da seleção de novos docentes, promovendo estágios e cursos preparatórios para as novas práticas pedagógicas preconizadas para o modelo escolar proposto para Brasília.